recordando a MPB

História da MPB com biografias, cronologia dos sucessos e músicas cifradas.

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Archive for the ‘anacleto de medeiros’ Category

>Iara (Rasga o coração)

Posted by everbc em 20/03/2006

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Anacleto de Medeiros

“Melodia espontânea e escorreita; harmonização singela com alguns acordes arpejados, principalmente no tempo fraco dos compassos.” Assim o maestro Batista Siqueira analisa o xote “Iara”, por ele considerado “uma obra prima de beleza e simplicidade”.

Composto por volta de 1896, em homenagem a um barco homônimo, campeão de regatas, “Iara” só seria gravada em 1907, ano da morte de seu autor Anacleto de Medeiros. Tempos depois, quando já era peça obrigatória no repertório de bandas, recebeu letra de Catulo da Paixão Cearense que a rebatizou de “Rasga o Coração”.

Essencialmente instrumental, o xote perdeu em graça e leveza ao ser transformado em canção, embora os versos de Catulo tenham-lhe aumentado a popularidade. Esses versos, aliás, são tão numerosos que mereceram de Guimarães Martins (no livro Modinhas) a curiosa e acaciana recomendação: “O cantor que não desejar interpretar todas estas estrofes escolherá as que mais lhe agradarem”. Admirador de Anacleto de Medeiros, Villa-Lobos aproveitou o tema de “Iara” em seu Choros n° 20.

Iara (Rasga o Coração) (chótis, 1896) – Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense

http://res0.esnips.com/escentral/images/widgets/flash/hands_shake.swf

Se tu queres ver a imensidão do céu e mar
Refletindo a prismatização da luz solar
Rasga o coração, vem te debruçar
Sobre a vastidão do meu penar

Rasga-o, que hás de ver
Lá dentro a dor a soluçar
Sob o peso de uma cruz
De lágrimas chorar
Anjos a cantar preces divinais
Deus a ritmar seus pobres ais

Sorve todo o olor que anda a recender
Pelas espinhosas florações do meu sofrer
Vê se podes ler nas suas pulsações
As brancas ilusões e o que ele diz no seu gemer
E que não pode a tia dizer nas palpitações
Ouve-o brandamente, docemente a palpitar
Casto e purpural num treno vesperal
Mais puro que uma cândida vestal

Hás de ouvir um hino
Só de flores a cantar
Sobre um mar de pétalas
De dores ondular
Doido a te chamar, anjo tutelar
Na ânsia de te ver ou de morrer

Anjo do perdão! Flor vem me abrir
Este coração na primavera desta dor
Ao reflorir mago sorrir nos rubros lábios teus
Verás minha paixão sorrindo a Deus

Palma lá do Empíreo
Que alentou Jesus na cruz
Lírio do martírio
Coração, hóstia de luz
Ai crepuscular, túmulo estelar
Rubra via-sacra do penar

Fonte: A Canção no Tempo – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34

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>Três estrelinhas (O que tu és)

Posted by everbc em 18/03/2006

>Três estrelinhas (O que tu és) (polca, 1906) – Catulo da Paixão Cearense e Anacleto de Medeiros

http://res0.esnips.com/escentral/images/widgets/flash/guitar_test.swf
Vicente Celestino

Se um riso vem / Teus lábios colorir de almo rubor / As almas a teus pés / Vêm prosternar-se com ardor / A luz transluz nos céus / Nos céus dos olhos teus / Saudosos como o luar / No mar a cintilar

Tua alma cheira mais / Que um alvo jasmineiro todo em flor / Onde tu passas fica um aroma a soluçar / Tu és de Deus a obra-prima / Não tens par! / És uma rima singular

Tu és a pérola ideal / Que o mar gerou / Tu és a flor mais aromal / Que Deus sonhou / A mais plangente e meiga lira sons não tira / Como as notas desse teu falar

Teus seios têm o sacro / E doce aroma de um missal / Teus lábios têm a eterna / Sensação da extrema-unção / Tu fazes sem pensar os astros palpitar / Tu fazes sem querer as almas padecer

Tuas tranças cheiram mais / Que as rosas trescalantes de um rosal ; Que a madrugada vem de orvalho perolar / És uma flor da fonte à margem / De cristal / És um poema divinal!

És a mais sonora estrofe do Senhor / És a irradiação mais branca do luar / És a luz solar / Um hino sideral! / Nos olhos tens os raios / De uma estrela vesperal

Nos lábios tens a graça / Inebriante de hidromel / Da imagem do perdão / Tu és a cópia mais fiel / Tu és um coração de orvalho lá do céu / Que um anjo a chorar verteu

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>Terna saudade (Por um beijo)

Posted by everbc em 18/03/2006

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Muita música instrumental de sucesso recebeu letra de Catulo da Paixão Cearense, que assim se fez parceiro de grandes compositores de sua geração. Entre estes está Anacleto de Medeiros, autor da valsa “Terna Saudade”, que o poeta transformou na pomposa canção “Por um Beijo”: “Ó ri, meu doce amor / sofri lágrimas de flor / teu sorriso inspira a lira / que afinei por teu falar…”

Embora o melhor de “Terna Saudade” seja a melodia, seu autor é citado pelo jornalista Guimarães Martins, no livro Modinhas, como “colaborador de Catulo na parte musical”. Herdeiro dos direitos do poeta, Martins procurava sempre minimizar o trabalho de seus parceiros, tachando-os de meros colaboradores.

Terna saudade (Por um beijo) (valsa, 1905)
– Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense

Ó ri, meu doce amor, / Sofri lágrimas de flor
Teu sorriso inspira / A lira que afinei por teu falar
E quer de amor vibrar / Ao sol de teu olhar
Ri meu doce amor / Sorri, pérola da flor
Abre em teu lábio um sorriso / Onde um coração diviso,
De algum anjo que desceu do azul.

Num teu sorriso / Luz de poesia
Vem dar a melodia / E musicar os versos meus
Que eu mostrarei a Deus, / Como eu te amo,
Alma dileta / E sem eu ser poeta
Irei fazer o eterno / Te aclamar nos céus.

Irei estrelas lá no céu roubar / Trarei da lua, um raio de luar
Depois dos céus eu descerei ao mar / E a pérola mais bela irei buscar
Sem recear as iras do Senhor, irei, / Roubar os cofres do Senhor
Trarei a essência do divino amor / Se tu, velada no mais vasto véu,
Concederes-me a vitória / A suprema gloria, / De um só beijo teu !

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