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Sílvio Caldas (Sílvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas), cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ 23/5/1908 e faleceu em Atibaia SP, em 3/2/1998. Nasceu e foi criado no bairro de São Cristóvão, na rua São Luís Gonzaga, filho de Antônio Narciso Caldas, carioca, dono de pequena loja de instrumentos musicais, afinador e consertador de pianos e compositor com várias músicas publicadas, assinando-se A. N. Caldas.
Foi praticamente criado por uma vizinha, que no Carnaval formava o Bloco da Família Ideal com parentes e amigos. O pequeno Sílvio, chamado de Rouxinol da Família Ideal, cantava cavalgando o pescoço dos remadores de São Cristóvão.
Participava de festas, dançava e sapateava nas mesas dos bares, e cantava nas reuniões do Largo da Cancela. Foi amigo desde essa época de Índio, que morava em São Cristóvão. Com seis anos cantou um samba de bloco no Teatro Fênix, levado pelo pai, durante conferência literária.
Começou a trabalhar aos nove anos como aprendiz de mecânico e, aos 16, em 1924, saiu de casa para trabalhar na capital paulista. Em Catanduva SP foi leiteiro. Exerceu outras atividades: lavador de carros, cozinheiro de turma, motorista de caminhão e mecânico de manutenção dos caminhões das obras da estrada Rio-São Paulo, atual Via Dutra. Em 1927 estava de volta ao Rio de Janeiro e foi ouvido numa seresta por Milonguita (Antônio Gomes), cantor de tangos, que o levou à Rádio Mayrink Veiga.
Em 1929 passou a cantar na Rádio Sociedade. Começou a gravar no início de 1930, na Victor. A primeira e a segunda gravações, os sambas
Amoroso (com Quincas Freire) e
Alô, meu bem (Carlos de Almeida), foram lançadas no segundo e terceiro discos, respectivamente, e no primeiro saiu o desafio
Tracuá me ferrô (Sátiro de Melo). Numa de suas gravações na Brunswick, o samba
Ioiô deste ano (
Henrique Vogeler), para o Carnaval de 1931, compôs uma pequena bossa, “Eba! “, que foi notada por
Ary Barroso, suficiente para que o levasse para a revista musical
Brasil do amor (Marques Porto e Ary Barroso), no Teatro Recreio.
Na revista lançou o samba
Faceira (Ary Barroso), seu primeiro sucesso também em disco. Nesse ano gravou o samba
Gira, em dueto com
Carmen Miranda, e com Elisa Coelho
Batuque e o samba
Terra de iaiá, todos de Ary Barroso, e o samba
Mão no remo (Ary e
Noel Rosa); e, para o Carnaval de 1932, os sambas
É mentira, oi e
Um samba em Piedade, também de Ary Barroso. Nesse ano atuou nas revistas musicais
Angu de caroço e
Brasil da gente. Gravou ainda o samba
Se eu for rei (sua autoria) e o samba-canção
Maria (Ary Barroso e
Luiz Peixoto), um clássico. Cantou como exclusivo do Programa Casé na Rádio Philips. Voltaria à Rádio Mayrink Veiga e em outras épocas seria contratado da Rádio Nacional, da Tupi e de outras emissoras.
No Carnaval de 1933 lançou a marcha
Segura esta mulher (Ary Barroso) e o samba
E ela não jurou (
André Filho). Depois, o samba
Lenço no pescoço (
Wilson Batista), iniciador da polêmica musical Wilson x Noel Rosa. Foi também à Argentina, com a companhia de revistas de Jardel Jércolis.
No Carnaval de 1934 fez grande sucesso com o samba
Vou partir (
João de Barro) e a marcha
Linda lourinha (idem). Nesse ano começou a compor com
Orestes Barbosa. A primeira música foi o samba
Sem você, gravado por
Aurora Miranda. Ele mesmo gravou da parceria as valsas
Santa dos meus amores e
Serenata, lançadas em 1935, pela Odeon.
Sílvio Caldas em sua longa trajetória artística teve diversos slogans. Os mais conhecidos foram “Caboclinho Querido” e “Titio”.
Em 1936 gravou com Orestes Barbosa as valsas
O nome dela não digo e
Meu erro e atuou no filme
Carioca maravilhosa, de Luís de Barros. Em 1937 teve êxito no Carnaval com a marcha
A menina presidência (Nássara e Cristóvão de Alencar) e com mais duas parcerias com Orestes Barbosa, a valsa
Arranha-céu e a canção
Chão de estrelas, esta um clássico, cujo título original era
Sonoridade que acabou, modificado por Guilherme de Almeida. Nesse ano lançou ainda, em dueto com Carmen Miranda, o samba
Fon-fon (João de Barro e Alberto Ribeiro) e o jongo
Quando eu penso na Bahia (Ary Barroso e Luís Peixoto), bem como o samba
Meu limão, meu limoeiro (M. P, arranjo de José Carlos Burle), em duo com Gidinho (seu irmão Gildo).
No Carnaval de 1938 foi escolhido Cidadão Samba e gravou a marcha
Pastorinhas (Noel Rosa e João de Barro), vencedora na categoria do concurso carnavalesco oficial. Ficou então breve tempo na Columbia, na qual gravou três discos com seis músicas, entre elas a valsa
Flor de lótus (com Alberto Ribeiro), o samba-canção
Mentes ao meu coração (Francisco Malfitano) e a valsa-canção
Suburbana (com Orestes Barbosa); depois voltou à RCA Victor, com sucessos já no primeiro disco, as valsas
Falsa felicidade e
Sorris da minha dor (ambas do estreante Paulo Medeiros).
Em 1940 foram sucessos o fox-canção
Mulher, as valsas
Velho realejo (ambas de
Custódio Mesquita e
Sadi Cabral), Kátia (Georges Moran e Vítor Bezerra) e
O amor é assim (Sivan Castelo Neto), a marcha-rancho
Andorinha (sua autoria) e o samba
Preto velho (Custódio Mesquita e Jorge Faraj).
Em 1945 atuou no filme carnavalesco
Não adianta chorar, de Watson Macedo e fez sucesso no Carnaval com o samba
Fica doido varrido (Benedito Lacerda e Frazão). Em 1946 foi para a Continental e gravou a canção
Minha casa (
Joubert de Carvalho), o fado-tango
O despertar da montanha (
Eduardo Souto), de 1919, mas cantado pela primeira vez com os versos de Francisco Pimentel. Em 1947 fez sucesso no Carnaval com a marcha-rancho
Anda, Luzia (João de Barro) e, depois, com o choro
Pastora dos olhos castanhos (Horondino Silva e Alberto Ribeiro) e o samba
Não chores assim (com Alberto Ribeiro). Nesse ano participou do filme
Luz dos meus olhos, de José Carlos Burle.
Em 1951 foi para a gravadora Sinter e criou novo sucesso, o samba
Nos braços de Isabel (com José Júdice). Em 1953 num mesmo disco lançou dois sucessos, a canção
Silêncio do cantor (Davi Nasser e Joubert de Carvalho) e
Flamboyant (Joubert de Carvalho). Em 1954, na Columbia, lançou a canção
Poema dos olhos da amada (
Vinícius de Moraes e Paulo Soledade). No ano seguinte, gravou as duas últimas composições de sua parceria com Orestes Barbosa, o samba-canção
A única rima, engavetado desde 1936, e a valsa-canção
Turca do meu Brasil, que finalmente resolvera musicar, totalizando 14 músicas.
Em 1957 ganhou o concurso
Canções para o Dia das Mães do jornal O Globo com a valsa-canção
Canção para a mamãe (Lilá Santana) e fez sucesso com
Viva meu samba (Billy Blanco). Em 1959 lançou o samba
Piston de gafieira (Billy Blanco), um dos destaques do ano.
Pela Columbia lançou os LPs Cabelos brancos (1959), Eternamente (1960), Sílvio Caldas em pessoa (1960), Titio canta para você (1963) e Canta o seresteiro (1966). Pela Copacabana saiu o álbum duplo Elisete Cardoso e Sílvio Caldas (1971), pela RGE, o LP Isto é São Paulo (1960), apenas com composições de Lauro Miller, e, na RCA Victor, o LP Sílvio Caldas e Pedro Vargas ao vivo no Canecão (1977).
Em sua longa trajetória teve diversos slogans, sendo os mais conhecidos O Caboclinho Querido (dado por César Ladeira) e Titio. Em 1992 recebeu a Medalha de Machado de Assis, concedida por unanimidade pela Academia Brasileira de Letras, por proposta de Jorge Amado. Viveu seus últimos 40 anos em seu sítio de Atibaia SP.
Algumas músicas
A vida em quatro tempos,
Acorda Escola de Samba,
Algodão,
Anda, Luzia,
Aquarela do Brasil,
Arranha-céu,
Arrependimento,
Até breve,
Boneca,
Chão de estrelas,
Como os rios que correm para o mar,
Da cor do pecado,
Deusa da minha rua,
Era ela,
Faceira,
Falsa felicidade,
Feitiçaria,
Fica doido varrido,
Florisbela,
Gilda,
Lenço no pescoço,
Linda lourinha,
Maria,
Meu limão, meu limoeiro,
Meus vinte anos,
Minha casa,
Morena boca de ouro,
Mulher
Na Baixa do Sapateiro,
Não,
Não me abandones nunca,
Ninotchka,
O despertar da montanha,
O nome dela não digo,
Pastorinhas,
Piston de gafieira,
Pra que mentir,
Professora,
Promessa,
Quando eu penso na Bahia,
Quase que eu disse,
Que é, que é?,
Samba no Rocha,
Serenata,
Soluços,
Sorris da minha dor,
Suburbana,
Teus ciúmes,
Torturante ironia,
Valsa do meu subúrbio,
Velho realejo,
Vestido de lágrimas,
Violões em funeral,
Viva meu samba.
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